Análise de Usabilidade do Amazon Prime Video e a óbvia comparação com o Netflix
Após muitos anos como usuário fiel da Netflix, resolvi experimentar o mês gratuito do Prime Video. Foi minha primeira experiência imersiva em outra plataforma de streaming e foi motivada principalmente pelo baixo preço do Amazon Prime e de indicação de algumas séries por amigos.
Porém, não consegui utilizar o aplicativo apenas como usuário e quando me dei conta estava criando um relatório e avaliando a minha experiência.
Essa análise é sobre a usabilidade cross-platform desktop e aplicativo mobile sem uma metodologia definida. Foi baseada num proto diário de incidentes que criei durante esse um mês e de um benchmark posterior. E o mais importante: é minha opinião e há necessidade de embasamento de métricas, estudos e testes de usabilidade para confirmar essas hipóteses.
Essa análise não é sobre conteúdo, porém indico também o que mais gostei dos originais da Prime Video no final.
Onboarding e primeiros passos
Por causa da sobreposição dos nomes dos produtos é um pouco complicado diferenciar o Amazon Prime (serviço do e-commerce) do Prime Vídeo, acredito que seja algo proposital então não vou me alongar no assunto.
Uma das principais dificuldade encontrada era acessar a página brasileira. Ao tentar fazer login, eu sempre entrava erradamente na Amazon Americana e precisava abrir a versão nacional em seguida, o que denota a falta de um login único.
Uma questão totalmente estética é o ícone do aplicativo. Ele destoa do padrão do mercado e me remete um serviço genérico. Também tive uma certa dificuldade com o navbar, pois os ícones são genéricos e isso me confundia durante minha experiência.
Página Inicial
Gosto bastante de como a homepage foi construída tanto no desktop quanto no mobile. Ela é simples com apenas dois elementos (destaques e galerias) e cumpre bem o seu objetivo de exploração. O segundo nível de navegação na parte superior me parece fora de lugar e poderia ser melhor trabalhado dentro da navegação do usuário.
Não há o mesmo grau de maturidade de clusterização do Netflix, mas isso não chegou a atrapalhar minha experiência.
Esses dois pontos (diversidade em elementos e clusterização) podem a ser um problema a longo prazo caso use a plataforma para descobrir novos conteúdos. Esse pode ser o principal diferencial da variedade de formatos do Netflix. Pois, tende a diminuir o cansaço durante a navegação.
Busca
A busca é o calcanhar de aquiles dos aplicativos de streamings, principalmente quando são comparados com o Netflix. E o Prime Video precisa melhorar bastante. Ela só funciona quando a busca é exata com o nome do filme.
Ao tentar utilizar a busca de artistas ou gêneros essa experiência só piora e traz muitos resultados aleatórios quando não encontra resultados. Há a necessidade de aprimorar a experiência de zero results, como o próprio Netflix faz. Esse artigo da NN/g possui bons guidelines para esse caso:
Player de Vídeo
Minha experiência começou bem negativa ao dar play e receber trailers antes do conteúdo. A sensação de perda de controle foi algo muito claro e até pensei que havia feito algo de errado. Ao dar play, o usuário sai da fase de exploração, por isso só deviam trazer os trailers ao fim do episódio, onde há uma grande hipótese de ter voltado a essa fase.
A experiência de dar play/pause direto na parte central da tela foi bem intuitiva após o primeiro uso e comecei a sentir falta em outros aplicativos.
Não tive problema de desempenho durante o uso e isso deve ter uma relação com o poder da AWS (Amazon Web Service). Porém, tive dificuldade de fazer troca de dispositivo durante o consumo, sempre estava atrasado ou não me informavam que havia começado o episódio. Precisei fazer a "sincronização" manualmente.
O recurso de 'X-ray', onde aparecem informações sobre os atores em tela, me parece uma ótima sacada, porém não me trouxe ganhos durante meu um mês, então não sei se foi útil. Eu gostaria de ver análises dessa feature com usuários reais.
Conclusão
A experiência de usar o Prime Video durante um mês foi muito boa, a velocidade do aplicativo foi ótima e ele possui ideias interessantes como o X-ray. Porém, me parece um pouco cru e falta amadurecer com foco na experiência do usuário. A impressão que ficou é ser um Netflix de alguns anos atrás. Acredito que a base do aplicativo é preparado para dar esses próximos passos. Então, é só continuarem experimentando.
Os diferenciais são o conteúdo e preço. Há um ótimo custo benefício até no posicionamento de ser o seu segundo streaming e isso me trouxe a vontade de continuar assinando o serviço.
Bônus: dicas de conteúdo
Não podia terminar sem indicar o que mais gostei no Prime Video. Então vamos lá:
Marvelous Mrs Maisel — Eu não vi essa série pelo Prime, mas sou apaixonado por ela. Conta a história de uma dona de casa que vira comediante de stand-up nos anos 50.
Fleabag — Série sobre a vida de uma mulher de 30 e poucos anos, e as frustrações da vida. A trama é muito inteligente e é contada de forma melancólica com uma dose de humor negro.
Good Omens — Baseado num livro de Neil Gaiman, a mini-série de comédia segue um anjo e um demônio que tentam impedir a vinda do anti-cristo. São apenas 6 episódios muito engraçados.
Undone — Animação de comédia dramática experimental que brinca com conceitos de realidade e controle temporal. Foi uma ótima viagem.
Mr. Robot — Série premiada sobre um engenheiro de cibersegurança que à noite, atua como uma espécie de “hacker justiceiro” e é recrutado para um grupo de piratas informáticos (adoro a tradução em português) chamado Fsociety.
The Boy s— Série que tenta trazer os super-heróis numa ótica mais real do nosso mundo capitalista e todos os problemas envolvidos que o tema pode criar.
Homecoming — Série baseada num podcast e que tem a Julia Robert no elenco.
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